quarta-feira, 23 de maio de 2007

Gosto quando me falas de ti…


Gosto quando me falas de ti…
e vou te percorrendo
e vou descortinando a tua vida na paisagem sem nuvens,
cenário de meus desejos tranquilos.


Gosto quando me falas de ti…
e então percebo
que antes mesmo de chegar, me adivinhavas,
que ninguém te tocou, senão o vento
que não deixa vestígios, e se vai
desfeito em carícias vãs...

Gosto quando me falas de ti… quando aos poucos a luz
vasculha todos os cantos de sombra, e eu só te encontro
e te reencontro em teus lábios, apenas pintados,
maduros, mas nunca mordidos antes da minha audácia.

Gosto quando me falas de ti…
e muito mais adianta
sem teus olhos descampados, sem emboscadas,
e acenas a tua alma, sem dobras, como um lençol distendido,
e descortino o teu destino, como um caminho certo,
cuja primeira curva foi o nosso encontro.

Gosto quando me falas de ti… porque percebo que te desnudas
como uma criança, sem maldade,
e que eu cheguei justamente para acordar tua vida
que se desenrola inútil como um novelo
que nos cai no chão...

Araujo Jorge

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